#pratodosverem: mulher machucada e chorando olhando com medo para seu agressor (Atlas da Saúde)

Diversidade em Pauta: Violência contra a mulher

08 de outubro de 2024

Em agosto de 2021 o Talibã destituiu o então presidente do Afeganistão e assumiu o controle da capital, Cabul. Depois de 20 anos, o Talibã voltou ao poder e desde então as mulheres deste país não tiveram mais um dia de paz.

A saúde mental abalada destas mulheres é hoje uma das catástrofes resultantes de tal opressão, e muitas delas optaram por tirar suas próprias vidas ao longo dos últimos anos.

Óbvio que as autoridades do Talibã não permitem que os números de suicídios sejam divulgados, mas repórteres do Zan Times, um jornal investigativo liderado por mulheres que cobre violações dos direitos humanos no Afeganistão fez uma denúncia: a nível global, os suicídios são mais frequentes entre homens do que entre mulheres, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), porém, no Afeganistão, essa tendência é inversa, onde 80% das pessoas que tiram suas próprias vidas são mulheres.

As mulheres passaram a representar mais de três quartos das mortes por suicídio registradas, dado que inclui ainda as tentativas de tirar a própria vida. O relato é de um suicídio por dia. A maior parte destas vítimas são mulheres jovens, ainda no início da adolescência. Os números são subnotificados, uma vez que o suicídio é considerado vergonhoso em países muçulmanos e, muitas vezes, encoberto. Algumas mulheres que tentaram o suicídio não foram levadas para tratamento, e algumas morreram e foram enterradas sem registro de que tiraram a própria vida.

Desde a volta do Talibã ao poder, meninas e mulheres tiveram seus direitos e liberdades tolhidos: elas só podem estudar até o fim do ensino fundamental, que no Afeganistão vai até a 6ª série. Elas não têm acesso ao ensino superior e não podem construir uma carreira. Elas também não podem trabalhar em ONGs e nem ocupar cargos públicos e judiciários.

As mulheres não podem viajar distâncias superiores a 75km sem a companhia de um homem da família, não podem frequentar diversos locais, como parques, jardins, academias, espaços esportivos e banheiros públicos. E para sair às ruas, elas precisam estar devidamente cobertas com a burca, com apenas uma estreita tela à altura dos olhos para permitir a visão.

O Talibã também mandou fechar todos os salões de beleza, que constituíam os únicos espaços de liberdade e socialização que ainda restavam às mulheres. De acordo com a Câmara de Comércio e Indústria para as Mulheres Afegãs, a proibição afetou cerca de 60 mil mulheres, que trabalhavam em 12 mil salões de beleza e tinham os estabelecimentos como única fonte de renda.

Elas também não podem ter acesso a qualquer apoio psicológico, principalmente, se foram vítimas de violência, incluindo a violência sexual. Imaginem passar por tudo isso e nem poder contar com ajuda e nem remédios para ansiedade ou depressão? E quando o fazem, é sem o consentimento ou conhecimento dos familiares, pois problemas como depressão e ansiedade são considerados motivo de vergonha e desonra para os Afegãos.

"Toda semana converso com pacientes que dizem querer tirar a própria vida. É desesperador" - explica Sharafuddin Azimi, psiquiatra e professor associado na Universidade de Cabul.

Os traumas, a opressão e as violações são imensas. O suicídio é um sinal de que as pessoas sentem que não há esperança!

No Brasil temos um alto índice de violência com a mulher: assédios, violência doméstica, estupros e feminicídio! E as causas são as mais diversas: estruturais, históricas, político-institucionais e culturais.

O papel da mulher foi por muito tempo limitado ao ambiente doméstico. A mulher era enxergada como uma propriedade particular, sem direito à vontade própria. A violência doméstica não é simplesmente azar ou uma má escolha da mulher, mas um conjunto de fatores, e que são sentidos de maneira mais dura por mulheres pobres, refugiadas e negras.

"As situações individuais e cotidianas, como sofrer assédio de rua, ter o comportamento vigiado e controlado, não poder usar certas roupas, ser alvo de ciúme, reprimir a própria sexualidade, são sintomas, e não causas, de violações mais dramáticas, como o estupro e o feminicídio."

A violência doméstica contra a mulher é definida como aquela que ocorre no âmbito doméstico ou em relações familiares ou de afetividade, caracterizado pela discriminação, agressão ou coerção, com o objetivo de levar a submissão ou subjugação do indivíduo pelo simples fato de ser uma mulher.

Os tipos mais comuns de violência contra uma mulher, de acordo com a Lei Maria da Penha, de 2006, são:

  1. Violência física: qualquer ação que ofenda a integridade ou saúde corporal.
  2. Violência psicológica: qualquer ação que cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação, como: constrangimento, humilhação, ridicularização, isolamento, perseguição, ameaça, chantagem, controle (possessão).
  3. Violência sexual: qualquer ação que limite o exercício dos direitos sexuais ou reprodutivos, como: coação a presenciar ou participar de relação sexual indesejada, impedimento do uso de método contraceptivo, indução ao aborto ou à prostituição.
  4. Violência patrimonial: qualquer ação que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de objetos, bens, recursos, documentos pessoais ou instrumentos de trabalho.
  5. Violência moral: qualquer ação que configure calúnia, injúria ou difamação.

Uma pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgou que houve um aumento do feminicídio em 31% em dez anos, no período de 2007 a 2017. Em 2023 outro levantamento foi feito e os números só pioraram: feminicídio e violência doméstica cresceram e os casos de estupro bateram recorde em 2023.

Os casos de violência familiar ou de violência no lar, em alguns casos, não são denunciados por uma questão de vergonha ou por receio. As diferentes formas de violência doméstica e familiar praticada contra a mulher podem lhe causar a morte, lesão, sofrimento físico, sexual, psicológico, dano moral ou patrimonial, por isso, denuncie se souber de algo.

Liguem 180!

Dia Nacional da Luta Contra a Violência à Mulher - 10 de OUTUBRO!

Obrigada, espero que tenham gostado e até o próximo artigo!

#diversidadeempauta #diversidadeeinclusao #mulheres

Vejam mais sobre "Violência contra a mulher" em:

https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/violencia-contra-a-mulher.htm#

https://estudio.r7.com/fim-da-linha-afeganistao-vive-onda-de-suicidios-entre-mulheres-desde-a-volta-do-taliba-ao-poder-15042024

Postado por Marcia Moreira Y Couto