
Diversidade em pauta: Vogue!
O mês de Junho é marcado por diversos acontecimentos do movimento LGBTQIAP+. O dia internacional do orgulho LGBT é comemorado no dia 28 de junho, porém, em São Paulo, onde todos os anos acontece a parada do orgulho LGBTQIAP+, ela aconteceu bem cedo, foi no dia 02 de junho e foi um sucesso, como todos os anos.
As diversas paradas são marcadas por serem, ao mesmo tempo, uma celebração das relações homoafetivas como uma reivindicação por direitos e cidadania por parte da comunidade.
O motivo de celebrar no mês de junho tem a ver com a Revolta de Stonewall em Nova York, em 1969, quando um grupo de homens homossexuais decidiram enfrentar a violência policial em um bar, que era o ponto de encontro deles, e onde eles sofriam muita discriminação.
Apesar de não fazer parte da comunidade LGBTQIAP+, sendo eu uma pessoa cis e hétero, sou uma aliada da diversidade e inclusão de todos os gêneros, orientações sexuais, raças e tudo mais que nos faz sermos diferentes e únicos!
E minha participação aqui como uma aliada é amplificar suas histórias e ajudá-los a combater o preconceito e a violência!
E foi por isso que me inspirei em trazer esse tema, que adorei pesquisar e conhecer mais!
- Você conhece o que é Vogue?
- Eu sei! Eu sei! É aquele sucesso da Madonna dos anos 90!!!
O Vogue ou Voguing é uma dança moderna, popularizada na década de 80 nos Estados Unidos, em festas chamadas Ballrooms, e que ganhou fama com a música e clip gravados pela diva Madonna no ano de 1990.
Aos 51 anos, o ator Reynaldo Gianecchini estreou a peça "Priscilla, Rainha do Deserto" este mês, aqui em São Paulo, fazendo o papel de uma das Drag Queens protagonistas da peça.
“Estou num desafio gigante, que me tira da zona de conforto: uma drag queen no musical. A arte drag é umas coisas mais legais, difíceis e complexas. É uma arte linda que eu quero exaltar. Elas são muito completas, têm humor, são engraçadas, mudam a cara, têm aqueles figurinos exuberantes, elas cantam, dançam, é um universo de um artista de uma grandeza gigante”, disse ele ao EXTRA.
Gianecchini entra "no salto", literalmente, dançando e dublando hits como "It's raining men" e "Vogue" da Madonna.
Em um dos seus ensaios (link abaixo), ele mostra alguns passos da dança Vogue e claro que, ele não dança como um dançarino profissional, mas é nítido o seu comprometimento com o papel, sua vontade de acertar, seu esforço em levar ao público alegria. Acho até que, para um homem que não sabe andar de salto (bem) alto, como nós mulheres, ele dançou muito melhor que muita mulher! Pelo menos, melhor que eu, com toda certeza!!
Vejam o ensaio de Gianecchini neste link:
Porém, como as pessoas gostam muito de criticar, óbvio que Gianecchini não ia escapar de receber críticas! E foram críticas bem duras! Mas, na minha opinião, ele é um artista fazendo um trabalho de interpretação e acho que ele conseguiu representar muito bem o papel de Drag Queen, apesar de não ser um bailarino ou dançarino profissional.
O tema "Vogue" acabou atraindo a minha atenção e fui pesquisar mais sobre essa dança, porque até então, eu conhecia apenas como a música da Madonna inspirada em poses de fotos da revista Vogue e passarelas.
Claro que, depois que assisti os vídeos das batalhas de Vogue (coloquei um vídeo para assistirem abaixo), realmente o Gianecchini ainda terá que treinar muito para chegar perto dos que, com maestria, sobem no palco e dançam Vogue, de forma inacreditável, nas batalhas Voguing!
"Estou fazendo muita aula de dança e canto, intensivo. Não é só dançar, é dançar num salto 15. Esse trabalho me anima muito. Tenho muito respeito pelo meu trabalho e quero sempre engrandecer os personagens que eu faço. Estou levando muito a sério", disse ele ao EXTRA.
Mais que festa ou dança, a cultura Ballroom nasceu como movimento político e artístico nos anos 1960 no Harlem, na periferia de Nova York. A comunidade LGBTQIAP+ negra e latina que vivia nessa região começou a se reunir em bailes próprios, as balls, com competições de beleza e de voguing, criando espaços acolhedores na noite nova iorquina para essas pessoas. A série Pose, disponível na Netflix mostra este momento.
Atualmente, existem três estilos distintos de vogue: Old Way (pré-1990), New Way (pós-1990) e Vogue Fem ou Femme (aproximadamente 1995).
Old Way é caracterizado pela formação de linhas, simetria, e precisão na execução de formas com ações fluidas e elegantes. Soldados, hieróglifos egípcios e poses de moda servem como inspirações para o Old Way Voguing. Na sua forma mais pura e histórica, o Old Way Vogue é um duelo entre dois rivais.
O New Way é caracterizado por movimentos rígidos juntamente com "clicks" (contorções dos membros nas articulações ), "arms control" (controle de braços), "hand ilusions" e "wrist illusions" (ilusões de mãos e punhos).
O Femme é a fluidez em sua forma mais extrema, com movimentos femininos exagerados influenciados pelo ballet, pelo jazz, pela dança moderna e principalmente pela corporalidade das travestis. Os estilos vão do Dramatics (que enfatiza acrobacias, truques e velocidade) para o Soft (que enfatiza um, bonito e gracioso fluxo de fáceis transições entre os cinco elementos).
No Vogue Femme há cinco elementos: "hands performance" (performance de mãos), "catwalk" (andar do gato), "duckwalk", (andar do pato), o "floor performance" (performance no chão), e os "dips" (mergulhos), embora algumas performances podem contar "spins" (giros) como um dos elementos, em batalhas de Voguing profissionais e performances, o bailarino é julgado baseado nos cinco elementos originais do Vogue - você poderá ver melhor os movimentos no vídeo que disponibilizo o link abaixo.
A "Hands Performance" refere-se aos e movimentos e ilusões criadas pelos braços, pulsos, mãos e dedos.
O "Catwalk" é o desfile um pouco mais vertical, imitando andar quase agachado de um gato, de uma forma fashion e linear com um toque de "sashaying" (um desfilar exuberante).
O "Duckwalk" refere-se ao movimento de andar agachado, chutando os pés, que exigem grande equilíbrio nas pontas dos pés.
O "Floor Performance" refere-se aos movimentos feitos no chão, usando principalmente as pernas, joelhos e costas.
Os "Dips" são executados pelo levantamento de uma perna enquanto dobrando a outra (geralmente se equilibrando na ponta do pé), em rápida sucessão, abaixa seu corpo ao chão com apoio mínimo para exibir sua força nas pernas.
"Importante destacar que a dança vogue é apenas parte das categorias que acontecem nas balls. Na década de 80 as categorias eram, em sua maioria, de caracterização e performance (muito semelhante à categoria Realness que acontece atualmente). Aquele que fosse mais convincente na vestimenta e performance, levaria o Grand Prize. Hoje, além da categoria Realness, temos mais frequentemente nas balls o Runway, categoria de desfile; o Face, que busca premiar o rosto mais perfeito e expressivo; o Best Dressed, que avalia a melhor caracterização e o Sex Siren, que premia a sensualidade dos participantes. Além disso, novas categorias surgem ano após ano, buscando acolher novos corpos, formas de expressão e contextos culturais. Lembrando que o ballroom é sobre isso: acolhimento, expressão e liberdade. Dar voz aos marginalizados para que falem, com a voz ou com seus corpos, o que a sociedade os inibe de falar" - explica a reportagem abaixo (para quem quiser saber mais):
https://houseofraabe.alboompro.com/post/46681-culturaballroom
Agora assistam e divirtam-se com esse vídeo que escolhi, dessa batalha de Voguing no estilo Femme! (obs: assistam a partir do minuto 2:40 até pelo menos o minuto 7:30! Eu fui até o final, porque realmente fiquei encantada com a dança, os figurinos, os movimentos super difíceis e a força dos bailarinos!)
Quem ficar com dor nos joelhos, nas costas e no pescoço, só de assistir, me conta no post!! :-))
Vídeo bárbaro de uma batalha Vogue Femme acontecida em 2019:
https://www.youtube.com/watch?v=2ydTfwnNScM&t=856s
Espero que gostem e viva a diversidade! Até o próximo artigo!
#diversidadeempauta #diversidadeeinclusao #LGBTQIAP+